
Humilhante. Assim pode ser avaliada a ocupação nazista da França durante a Segunda Guerra Mundial.
Em meados de 1940, os franceses, antes obcecados em seu autopanegírico de se considerarem olimpicamente superiores aos alemães - em termos estratégicos -, passaram a assistir à altiva marcha das tropas do führer em frente aos símbolos-mores do orgulho francês: a Torre Eiffel e o Arc de Triomphe.
Não tardou para que a humilhação se ampliasse. Após a assinatura de um armistício, os alemães impuseram aos franceses o retalhamento de seu território, a proibição de expansão de seu exército e o ressarcimento dos custos da guerra. Vexação total.
É de se esperar que, em um ambiente de tamanhas hostilidades, insurjam-se grupos rebeldes clandestinos. E isto de fato aconteceu: surgiu na França um grandioso movimento de resistência, composto por várias pequenas células de grupos armados. Grupos que, sob o manto do anonimato, agiam através de guerrilhas, jornais underground e outras iniciativas antinazistas.
Alistado nas fileiras do Groupe Alsace Lorraine de Francs-Tireurs et Partisans, iremos encontrar, em 1942, um destemido jovem de dezenove primaveras, que atendia pelo nome de Lionel Dubray. Ardoroso defensor de uma França completamente livre dos abusos alemães, Dubray destacou-se, em outubro de 1943, pela audácia de atacar alemães em pleno desfile militar na Paris ocupada! Também foi responsável pelo incêndio de várias instalações e materiais alemães, até que a Gestapo (polícia secreta alemã) o identificou.
Após um breve refúgio na Grã-Bretanha, Lionel Dubray retornou à França. Era necessário combater os germânicos, usurpadores de seu sagrado solo. E o fez com heroísmo e intrepidez até 14 de julho de 1944 – significativo dia do 155º aniversário da Revolução Francesa -, ocasião em que os nazistas capturaram-no em combate. Dubray foi submetido a dantescos oito dias de intensas torturas, até que, em 22 de julho de 1944 – ainda com seus pueris vinte anos de idade – foi impiedosamente fuzilado no bosque de Botsegalo, localizado em Morbihau, França.
Dubray não sobreviveu para presenciar a libertação de Paris dos nazistas - empreendida por seus companheiros de luta com o massivo apoio de tropas aliadas -, episódio que ocorrera pouco mais de um mês após seu fuzilamento.
Subjugados definitivamente os guerreiros da suástica, a França não relegou seu jovem mártir ao olvido. Em pouco tempo, uma rua da cidade de Athis-Mons, onde morou, recebeu seu nome. Também uma referência a Dubray passou a constar em um monumento aos mortos de Botsegalo. A velha casa de seus pais foi condecorada com uma placa em sua homengem.
O selo apresentado, que é parte de minha coleção pessoal, é mais uma dessas homenagens. Impresso em 1961, o selo foi litogravado com a imagem de Lionel Dubray em perfil e a designação de “Heros de la Resistance”, em uma justa referência à sua vida de entrega à pátria francesa.
ABDEL
Lionel Dubray, Heros de la ResistanceLionel Dubray, Heros de la Resistance


