quinta-feira, 21 de abril de 2011

IV centenario de la fundación de Guadalajara







“Guadalajara, Guadalajara, hueles a pura tierra mojada!” Assim dizem os versos de um mui celebrado clássico do cancioneiro popular mexicano, cujo tom de festividade se justifica quando observamos que a presença de “tierra mojada” não parece ter sido um dos apanágios constantes de Guadalajara.






Nuño Beltrán Guzmán - enviado do grande conquistador Hernán Cortez à parte ocidental da Nueva España – empreendeu a conquista da região que hoje é conhecida como Jalisco, no México. Em meio a essa investida, ao rumar para a localidade de Nochiztlán, nos idos de 1532, Nuño sentiu a necessidade de firmar uma base segura, onde pudesse organizar a conquista e se defender de eventuais ataques de nativos ariscos. Sob esse pretexto foi fundada então a “primeira versão” da cidade de Guadalajara – sendo assim alcunhada em homenagem à homônima espanhola, Guadalajara de Castilla-La Mancha, cidade natal do conquistador.








Algumas vezes as eventualidades brincam de ciranda com os grandes feitos históricos: o vocábulo Guadalajara tem sua origem etimológica no árabe “wad-al-hidjara”, que, por seu turno, significa “rio que corre entre pedras”; entretanto, a primeira Guadalajara mexicana simplesmente não dispunha de fontes hídricas suficientes à consecução dos planos de Nuño! A solução encontrada foi, por mais exótico que pareça, levar a cidade para outro chão.





A parada seguinte foi o lugarejo de Tonalá. Também ali a cidade não viçou, devido à recalcitrância dos habitantes locais, que sediciosamente insistiam em interferir nos planos de Nuño. O conquistador não vacilou: transferiu a vila para um terceiro lugar, chamado Tlacotlán.




Para a infelicidade de Nuño Beltrán e dos europeus que o acompanhavam, também essa terra não lhes era nada gentil – tratava-se de uma região de terrível escassez de atividades econômicas, sobretudo de produção de gêneros alimentícios. Somente lhes restava uma [amedrontadora] alternativa, que era enfrentar a vizinha população indígena Caxcane, em uma épica batalha que entrou para os anais da história sob o nome de Guerra del Mixtón.





Vitoriosos que foram na Guerra del Mixtón, os europeus liderados por Nuno assentaram-se no Valle de Atemajac, para onde promoveram uma bizarra quarta mudança da cidade de Guadalajara. Finalmente com sucesso, fundaram a cidade a 14 de fevereiro de 1542. Seis meses depois, Carlos V expediu as cédulas reais espanholas que concediam a Guadalajara o título oficial de cidade.





Guadalajara é hoje a segunda cidade mais populosa do México, com 1.546.514 habitantes. A Perla del Occidente, como também é chamada, é a cidade central da Área Metropolitana de Guadalajara, além de constituir a capital do estado de Jalisco, no oeste do México, às margens do Oceano Pacífico.






O selo apresentado, que é parte de minha coleção pessoal, mostra o pórtico do Palácio del Gobierno, sede do governo local, de onde o Padre Miguel Hidalgo, no ano de 1774, aboliu a escravidão em território mexicano, dando forte impulso ao movimento de independência do país. O selo foi emitido em 1942, quando o México comemorava o quarto centenário da fundação de Guadalajara.

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